“Antes as mulheres eram educadas para serem boas donas de casas e mesmos nos primeiros 15 anos de independência nenhuma mulher entrou no Governo. As duas primeiras mulheres só entraram no Governo depois de 1991 e fomos fazendo esse percurso e hoje em 18 ministros 11 são mulheres e somos o segundo país o mundo com mais mulheres no Governo depois da Finlândia”, realçou.
José Maria Neves, que falava aos alunos da escola secundária Fulgêncio Tavares, na sequência da visita que realiza ao concelho de São Domingos, disse que no plano de direitos e liberdades civis, políticas, económicas “há plena igualdade”, mas na sublinhou que “na realidade” há ainda “muitos espaços de desigualdades”.
“Se formos ver na educação na educação, em termos de capacidade activa de ir votar temos a plena igualdade de género em Cabo Verde, mas na prática, ainda há espaços de desigualdades”, disse, citando como exemplos o Parlamento e as autarquias locais, onde ainda, conforme frisou, a política se faz no masculino, bem como algumas profissões que são “predominadas pelo homem”.
O chefe do Governo sublinhou que muitas desigualdades que ainda existem em Cabo Verde advém do próprio facto de a sociedade cabo-verdiana ser uma sociedade com “uma cultura muito machista”.
“Basta ver a diferença da educação dá às moças e os rapazes em casa”, disse, referindo-se também ao facto de a violência com base no género ter a predominância da violência dos homens em relação às mulheres.
Por isso mesmo defendeu a necessidade de estabelecer acções orientadas essencialmente aos homens para reduzir o nível de violência com base no género em Cabo Verde e, sobretudo, o nível de violência em relação às mulheres.
Defendeu também a necessidade de tratar de forma desigual aquilo que é diferente, ou seja fazer uma discriminação positiva das mulheres.